quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A IMPORTÂNCIA DO DINHEIRO E COMO EVITAR QUE

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A IMPORTÂNCIA DO DINHEIRO E COMO EVITAR QUE
ELE SEJA UM PROBLEMA.
À vista do diálogo muito provável entre uma criança e sua mãe que reproduzo no cabeçalho deste artigo, não podemos deixar de lembrar da importância e possível problemática do dinheiro em nossa vida.
Repare bem que, quando ainda crianças, uma das primeiras coisas que nós aprendemos é a importância do dinheiro para tudo de que se precisa, para todo mundo. O que varia é a atitude das pessoas diante do dinheiro ao longo da vida. Todos nós, logo de pequenos, entendemos que não se pode deixar de ter dinheiro, para poder viver.
A questão é: Como tê-lo? Como tratar com ele? Como evitar que ele seja algo negativo em nossa vida?
Vamos pensar um pouco a respeito?...
Antes de tudo, desejo lembrar: Desde criança, tratei de economizar, de guardar dinheiro para tê-lo e de tê-lo para poder usá-lo. Aos seis anos de idade, na quarta década do último século, residíamos em Niterói, Rio de Janeiro, a cerca de um quilômetro de distância da estação das barcas, onde ficava o jornaleiro mais próximo. Meu avô, Desembargador no Ceará, vinha passar férias conosco e toda manhã
me dava setecentos réis (antigo plural de real sendo mil réis um cruzeiro e mil cruzeiros um conto de réis) para o bonde e o jornal.
Eu ia e voltava a pé e economizava quatrocentos réis que guardava cuidadosamente. Periodicamente eu ia correndo, pegava o bonde comprava o jornal encomendado ("Correio da Manhã" ou "Jornal do Brasil") e usava o tempo disponível para dar mais um passeio comendo alguma nova guloseima usando uma pequena parte do dinheiro economizado... E assim conheci, antes dos oito anos de idade, todas as linhas de bonde de Niterói, menos "São Gonçalo" e "Saco de São Francisco", mais distantes, para não perder a hora de voltar com o jornal e para que vovô não desconfiasse... Pouco depois que completei dez anos, meu pai transferiu residência para Recife, e
eu ainda tinha parte daquele dinheiro guardado dentro de uma manilha enterrada no quintal de casa e tive, com grande sofrimento, de deixá-lo em Niterói, porque imaginava que uma vez descoberto, meus pais não acreditariam, quando eu dissesse como o havia obtido, mesmo porque fazia mais de dois anos que o vovô não vinha a Niterói... Então, para se ter dinheiro, é preciso, antes de tudo, guardá-lo.
Quando recebemos uma fração de todo o dinheiro circulante no mundo ainda não o temos, senão quando o pomos no bolso, isto é, quando o guardamos de algum modo. Outra coisa: Sempre é possível economizar; basta refletir que alguém ganha menos que você, logo, você poderia ter ganhado menos... Mas para economizar é preciso, antes, obter o dinheiro... E para se obtê-lo? O normal é tratar de ganhá-lo. Mas rapidamente todos nós percebemos que não é fácil ganhar dinheiro. E é exatamente diante da enorme dificuldade que a quase totalidade das pessoas encontra para ganhar dinheiro, que surgem as várias atitudes a respeito.
O ideal seria que todos nós decidíssemos lutar, trabalhar, perseverar, nos esforçar até o limite, enfim, tudo fazer para ganhar o dinheiro necessário.
Mas não é isso que ocorre. Muitas vezes chega-se à conclusão, sempre equivocada a meu ver, de que isso é impossível. E se parte então para outras atitudes: Já que não se pode ganhar, vamos tratar de tomar ou de não ter ou de aparentar que se tem ou de ter mais.
A atitude de resolver tomar dinheiro leva certas pessoas a direcionar as suas vidas de modo a que parte do dinheiro pertencente a outros lhe seja transferida, e para isso utilizam-se das mais variadas formas, desde o simples e direto roubo, até outras mais sutis ou elaboradas como corrupção, fraudes, falsificações, artifícios ilegais ou desonestos de todo tipo, golpes do baú, contos do vigário, traições e engodos das mais criativas e variadas formas, etc., de modo a realizar seu intento. E muitos logram conseguir, tanto que é imensa a movimentação de dinheiro por meios ilegais. No ano de 2004 (*), na abertura do Encontro Internacional de Combate à Lavagem de Dinheiro e de Recuperação de Ativos, realizado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, o Sr. Giovanni Quaglia, representante do Escritório das Nações Unidas Contra Drogas e Crime para o Brasil e Cone Sul, deu conta de que o crime organizado movimenta cerca de dois trilhões de dólares por ano no mundo, o equivalente quatro por cento do Produto Interno Bruto Internacional!
Mas acontece que ninguém quer que seu dinheiro seja tomado e tende a ocorrer reação. E essa reação assume proporções gigantescas, pois é função do extraordinariamente elevado grau de opções das pessoas por tomar dinheiro em vez de ganhá-lo. E essa reação toma a forma de vasta legislação penal, enormes contingentes policiais e mesmo militares, todo o sistema judiciário e carcerário, e seus efeitos diretos: acusações, detenções, vinganças, condenações, perseguições, violências, prisões por longo tempo, pichamento, preconceito e reprovação social e familiar...
Por isso a muitos indivíduos sem formação moral falta coragem para adotar ou insistir nessa alternativa de se obter dinheiro...
Quando se chega à conclusão de que nos falta aptidão para ganhar e, por razões morais ou falta de coragem, não podemos tomar, somente nos resta não ter ou aparentar que se tem dinheiro.
Não ter dinheiro suficiente, a seu próprio juízo, é a contingência em que se sentem muitas pessoas que se manifestam revoltadas contra tudo e contra todos, vivem reclamando contra a situação, contra o Governo, contra os comerciantes, empresários, poderosos de qualquer tipo, acham que toda fortuna somente pode decorrer de falta de honestidade, que a burguesia é "podre", que a humanidade não presta, etc., etc. Enfim, são os eternos insatisfeitos com a situação, qualquer que seja ela, tão conhecidos de todos nós...
Aparentar que se tem é outra atitude que está presente quando a pessoa conclui pela própria impossibilidade de ganhar ou tomar o dinheiro que julga necessário. Em geral o principal efeito nesses casos é a permanente tentativa de demonstrar ou dar a impressão de que se está em boa situação . nanceira praticando todas as formas possíveis de exibicionismo, o que traz como conseqüência uma progressiva situação de endividamento, da qual a pessoa di. cilmente se desvencilha. São os eternos endividados que todos nós conhecemos...
Ter mais dinheiro é a obsessão mais comum nas pessoas. Dado que não há limite para a quantidade de dinheiro no mundo nem em nossos bolsos, por mais que tenhamos, ganhemos ou tomemos, sempre tendemos a querer mais ainda, inclusive, muitas vezes, em face do permanente medo de vir, de alguma forma, a perder algo do dinheiro ou patrimônio que se tem. E isso é o mais grave. Tendemos a estar ansiados, tensos, estressados, permanentemente atarefados sem maior necessidade, vivendo menos ou até mal a vida, deixando de fazer uso do que dispomos inclusive do próprio dinheiro, tudo
porque temos de ganhar mais dinheiro... Mesmo que não mais tão necessário, e essa é uma atitude que se prolonga indefinidamente...
A propósito, uma vez perguntaram a Confúcio, filósofo chinês que viveu cinco séculos antes de Cristo: "-- O quê o surpreende mais na humanidade?" Ele respondeu: "-- Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para a recuperar. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por não viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se não tivessem vivido...".
Podemos observar, por tudo que foi exposto acima, que há mesmo uma grande possibilidade de que o dinheiro seja um problema em nossa vida. Como evitar isso?
Primeiro temos que pensar que, por mais que tenhamos, sempre haverá alguém mais rico e vice versa, sempre haverá alguém mais pobre, por menos que tenhamos. Assim, desde que façamos tudo ao nosso alcance para ganhar honestamente nosso dinheiro, sempre economizando ao máximo, sem sacrifício do essencial e do uso adequado do que dispusermos, inclusive para o lazer, chegaremos até onde nossa capacidade e sorte nos permitirem, durante o tempo de vida e de atividade de que dispusermos.
E, finalmente, pensando e agindo assim, o dinheiro nunca terá sido e jamais será problema em nossa vida e, ao atingirmos a idade madura, estaremos tranqüilos, pois
satisfeitos com aquilo que tivermos podido obter e certamente com a reserva que houvermos economizado....

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