sexta-feira, 19 de outubro de 2007

O PROBLEMA DAS DROGAS E IDÉIAS PARA SUA SOLUÇÃO.


O PROBLEMA DAS DROGAS E IDÉIAS PARA SUA SOLUÇÃO.
A meu ver, o maior problema atual da Terra é a degradação ambiental, principalmente a climática que, não por acaso, envolve diretamente o maior negócio que existe, o dos combustíveis fósseis, em particular, o petróleo e o carvão mineral.
O segundo maior problema da humanidade, penso ser o do uso das drogas envolvendo, ainda uma vez não por mera coincidência, a segunda maior movimentação de dinheiro no mundo.
Ao escrever sobre qualquer assunto nos artigos deste livro, procuro sempre justificar minha decisão de fazê-lo, em geral pela referência à minha experiência a respeito, adquirida ao longo da vida. Neste caso, no entanto, não posso senão dizer que, mesmo sem nenhum trato ou contacto anterior com substâncias alucinógenas, me preocupo tanto com as drogas, que não posso deixar de escrever sobre elas, na esperança de que minhas idéias possam, mesmo minimamente, contribuir para a redução dos dantescos e enormes efeitos nocivos de seu uso.
A mídia tem dado constante destaque à violência reinante nas grandes cidades brasileiras, em particular o Rio de Janeiro, onde quase diariamente registram-se confrontos com armas de fogo em mãos de criminosos, inclusive fuzis de grande alcance, granadas de mão e metralhadoras. Esses trágicos confrontos armados se dão principalmente entre facções de traficantes de drogas pelo controle de pontos de venda e entre elas e as polícias militar e civil estaduais e até envolvendo, às vezes, forças armadas federais.
Esses conflitos duram em muitos casos horas seguidas, em diferentes bairros, tendo já causado enormes perdas humanas, materiais e econômicas à cidade, com numerosos mortos e feridos graves, inclusive inocentes vítimas de balas perdidas, levando o pânico e o desespero a milhares de moradores, transeuntes e ocupantes de veículos retidos nas áreas envolvidas, onde a retenção do tráfego atinge muitas vezes grandes proporções, com todos os reflexos negativos e enormes prejuízos daí decorrentes.
Repare bem que não é fácil resolver um problema de tão grandes e graves proporções. No entanto julgo que somente poderemos ser eficazes ao enfrentar o uso e o tráfico de drogas, se simultaneamente e com igual prioridade, efetuarmos com total firmeza, amplitude e intensidade, cinco tipos de ação:
1) Globalizar, articular. A questão das drogas é, incontestável e fortemente, de natureza global. Por isso, tudo que se fizer no mundo para sua solução tem de provir de articulação entre todas as nações que resulte em decisões, preparação e atuação conjuntas e sinérgicas, sem o quê não terá eficácia efetiva. Para tanto, é de fundamental importância a participação da ONU, Governos Nacionais e Organizações Não Governamentais (ONGs) pertinentes, e a intensa e exaustiva comunicação e discussão entre todos, até o encontro do consenso a respeito de cada passo a ser dado.
2) Educar, alertar. O aspecto da prevenção contra o uso das drogas é objeto deste tipo de ação, não menos importante do que qualquer outro, e se volta principalmente para as crianças e adolescentes. A educação dos jovens no mundo de hoje não pode, em absoluto, deixar de ter, como relevante capítulo, o alerta para o perigo das drogas. É imprescindível que os jovens aprendam tudo a respeito das drogas, recebendo a mais completa informação sobre elas, incluindo sua natureza, características, apresentação, ocorrência, fontes de produção e obtenção ou aquisição, artifícios e meios de envolvimento visando à habitualidade do seu uso, modalidades da oferta ou mistura com outros produtos, efeitos de cada uma das substâncias alucinógenas ou tipo de droga em função da quantidade ingerida ou introduzida no organismo por cada um dos meios, inclusive disfarçados, utilizados para a sua administração, efeito do tempo de uso continuado, enfim, abrangendo totalmente o que puder ser ensinado para que a população infantil e juvenil de cada País saiba perfeitamente o quê tem pela frente quanto às drogas e esteja suficientemente alertada sobre o perigo que corre. Isso implica em ação coordenada em todo o mundo entre o sistema escolar, a mídia, os pais ou responsáveis e todo e qualquer outro agente educador, inclusive do mundo virtual.
3) Descriminar, regulamentar. A criminação, progressivamente adotada por quase todos os paises nas últimas décadas, não impediu que, tanto os tipos e variedades das drogas, quanto o número de usuários em proporção da população, aumentassem continuamente até hoje. Mas é absolutamente certo que, caso ela não existisse, o preço de qualquer das drogas em uso seria muito mais baixo, quebrando a espinha dorsal do tráfico nacional e principalmente internacional e deitando por terra as enormes somas despendidas no seu combate pela maioria dos governos do planeta. A descriminação, par e passo com uma cuidadosa e eficiente regulamentação da produção, tributação, comercialização e uso de cada uma das substâncias alucinógenas existentes ou que venham a surgir, significará uma enorme queda e importante transferência dos gigantescos recursos humanos e financeiros vinculados, boa parte dos quais seria convertida em impostos e outras formas de renda trazidos da ilegalidade para o benefício da comunidade mundial.
4) Estigmatizar, identificar. Este tipo de ação nos reporta à relação causa e efeito. Estigmatizar o usuário que paga pela droga é fundamental e imprescindível para o combate do seu uso, por ser ele o primeiro e maior causador do problema. Parece-me que seria de crucial importância identificar e apresentar cada comprador-usuário como um pernicioso membro da sociedade, alheio e indiferente aos terríveis malefícios das drogas a ele mesmo e a todo o tecido social e como o maior responsável por todas as desgraças delas decorrentes. Intensas, extensas e contínuas campanhas neste sentido pela mídia e nas comunidades em todo o mundo, insistindo sempre na identificação dos usuários compradores de drogas como os maiores causadores do problema decorrente, resultarão em redução da procura pelos alucinógenos, em toda parte, pois cada usuário, inclusive os relativamente poucos tornados dependentes com o tempo, se sentirá culpado e visto por todos nós como uma erva daninha no ambiente social.
5) Fiscalizar, controlar. Dado que sempre haverá quem faça uso de alucinógenos, prática adotada há milênios entre as pessoas, um cuidadoso, detalhado e capilar planejamento de atividades e mobilização suficiente de recursos financeiros, materiais e humanos terão de ser permanentemente desenvolvidos e utilizados na fiscalização e controle das drogas, desde a produção até o consumo final, pelos Governos em todas as suas instâncias e também por entidades por eles delegadas para esse fim. Este tipo de ação certamente consumirá não mais do que uma pequena parte da fabulosa economia e disponibilidade financeira resultante da adoção das demais ações acima descritas.
Acredito que somente quando adotadas todas essas ações em conjunto e mundialmente, será possível reduzir as imensas proporções do problema das drogas até torná-lo, como se fosse num sonho, algo aceitável entre todos nós, com baixos níveis de violência, consumo, tráfico, dependência e outras trágicas faces desta grave e gigantesca questão.

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